Vanderbergh, o belga que foi artilheiro da Europa

Autor do gol que valeu a surpreendente vitória da Bélgica sobre a Argentina na abertura da Copa de 1982, Vanderbergh brilhou no continente e levou o Anderlecht a uma conquista europeia


A Copa do Mundo de 1982, a primeira que acompanhei, sempre me traz boas lembranças. Ainda era uma época em que a seleção brasileira tinha a simpatia de quase toda a torcida do país, as crianças tinham identificação com a equipe pelo fato de praticamente todos os jogadores atuarem por aqui e, claro, jogava um baita futebol. A Copa do álbum de figurinhas do chiclete Ping Pong tinha craques demais. E um deles estava no jogo inaugural, realizado no dia 13 de junho, meu aniversário (mais um ponto para a memória afetiva). Maradona era o astro da Argentina que... perdeu para a Bélgica. 

Aquele 1 a 0 foi o primeiro jogo de abertura de um Mundial com um gol desde que a Fifa implantou essa partida, em 1966. E coube a Vanderbergh a glória de estufar as redes pela primeira vez na Espanha. E é ele o novo personagem da série que faço em conjunto com o ilustrador André Fidusi, na qual mostramos os jogadores que fizeram o primeiro gol de cada Copa. Abaixo, o craque belga no traço de Fidusi.




Em um Camp Nou lotado (95 mil torcedores), Vanderbergh fez, aos 17 minutos do segundo tempo o gol que marcaria o início da, até então, a melhor campanha da Bélgica nas Copas do Mundo. O jogador de 23 anos, do Lierse, de 1,81m, não se intimidou com uma defesa capitaneada por Passarella e muito menos com o goleiro Fillol, ambos campeões em 1978. O gol da vitória foi decisivo para a classificação de Bélgica em primeiro lugar no grupo 3. A Argentina ficaria em segundo e acabaria no grupo com Brasil e Itália na segunda fase.

Veja o gol de Vanderbergh na abertura da Copa de 1982



Seis vezes artilheiro do Campeonato Belga entre 1981 e 1991 (três com o Lierse, duas com o Anderlecht e um com o Gent), Vanderbergh faria apenas um gol na Copa de 1982. E um bem importante. A Bélgica ainda venceria El Salvador e empataria com a Hungria, se classificando pela primeira vez para a segunda fase de um Mundial. Na segunda etapa, porém, perdeu da Polônia e da União Soviética. 

O artilheiro da Europa
Vanderbergh foi o artilheiro da Europa em 1981, com nada menos do que 39 gols em 34 jogos. Defendeu a Lierese de 1976 a 1982 e depois se transferiu para o Anderlecht, onde ficou até 1986. Depois de uma experiência na França, onde defendeu o Lille entre 1986 e 1990, o atacante voltou para a terra natal, desta vez para jogar pelo Gent, seu time até 1994. Sua última temporada foi no pequeno Molenbeek, também da Bélgica, onde encerrou a carreira em 1995.

Entre 1979 e 1991, Vanderbergh defendeu a seleção belga. Mesmo sem ter ido à Copa de 1986, quando a Bélgica foi semifinalista, o atacante deixou uma boa marca, com 20 gols em 48 jogos. Por clubes, tem um cartel respeitável. Foi campeão da Copa da Uefa de 1982 pelo Anderlecht, clube pelo qual conquistou dois Campeonatos Belgas (1985 e 1986). 

Decepção brasileira, alegria italiana
A Copa do Mundo de 1982, na Espanha, teve um regulamento único. Pela primeira vez com 24 seleções, a primeira fase foi formada por seis grupos com quatro equipes. Como se classificavam os dois primeiros de cada chave, eles foram divididos em quatro grupos de três na segunda fase. Apenas o campeão de cada grupo se classificava para semifinal.

O Brasil de Telê Santana encantou e deu show nos quatro primeiros jogos, mas esbarrou na eficiência tática da Itália. O 3 a 2, com três gols de Paolo Rossi foi um trauma esportivo até hoje não superado pelo país. A Itália, que se classificou com três empates na primeira fase, venceu Brasil e Argentina no difícil grupo da segunda fase, eliminou a Polônia na semifinal e foi tricampeã vencendo a Alemanha na decisão em Madri. Paolo Rossi, que até encontrar o Brasil não tinha feito nenhum gol, terminou a competição como artilheiro, com seis.

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