Clássico no Mineirão foi ótimo para testar Atlético e Cruzeiro no início da temporada


O primeiro clássico mineiro de 2017, marcado pelo Mineirão dividido pelas duas torcidas e vencido pelo Cruzeiro por 1 a 0, já serviu para os torcedores mais apressados concluírem quem serve ou não para o seu clube, execrar quem falhou e superestimar aqueles que foram bem. Calma, gente, sem essa de tirar conclusões apressadas. A partida pela Primeira Liga, que levou cerca de 40 mil pessoas ao estádio, foi um excelente teste para os dois rivais, muito mais válido do que alguns jogos pelo Campeonato Mineiro. O momento, portanto, é de avaliar o que deu certo, corrigir o que deu errado e seguir com a preparação para o restante da temporada. 

Torcida atleticana fez sua parte ontem e não deixou de apoiar o time

A vitória cruzeirense foi merecida. Mais agressivo, ocupando melhor os espaços e tomando conta do meio-campo, o Cruzeiro dificultou a saída de bola do Atlético, que teve que recorrer aos famigerados chutões para tentar sair jogando - tática que não resultou em nada. O reflexo da melhor marcação cruzeirense foi uma série de erros de passes atleticanos. Pelo lado azul, Arrascaeta e Robinho fizeram bem a transição do meio para o ataque, trabalhando melhor a bola e ajudando a criar lances de perigo. Pelo lado atleticano, os meias Cazares, Otero e Maicosuel, mesmo invertendo posições, caindo pela direita e pela esquerda, pouco criaram e isolaram ainda mais Pratto, que praticamente não participou do jogo.

O Cruzeiro foi mais compacto, teve uma marcação mais eficiente, chegando a marcar no campo alvinegro, e usou muito bem os contra-ataques. Cabral e Henrique foram bem na proteção à zaga e foram eficientes na troca de passes, municiando e auxiliando a criação de Arrascaeta e Robinho - o argentino, inclusive, foi o autor do lançamento que resultou no gol do uruguaio, aos 27 minutos do primeiro tempo. Por outro lado, Sóbis, se tentava abrir espaços para quem vinha de trás, participou muito pouco do jogo, assim como Ábila, que não mudou o panorama do comando do ataque cruzeirense.

O Galo esteve longe de colocar em prática o estilo de Roger. O técnico gaúcho prioriza a posse de bola e a compactação entre os setores - e isso não aconteceu. Bem marcado, o Atlético teve dificuldade para sair jogando, apelou para os chutões, errou muitos passes e praticamente não incomodou o goleiro Rafael. Faltou aproximação entre os volantes e os meias, problema minimizado no fim do primeiro tempo quando o jovem Yago avançou um pouco para fazer esse trabalho. No segundo tempo, outro volante da base alvinegra, Ralph, mostrou personalidade e foi eficiente. Felipe Santana mostrou falta de ritmo de jogo e, exposto algumas vezes, falhou no gol e em outros lances. Quem também ficou exposto, mas fez uma boa partida foi o goleiro Giovanni, decisivo em alguns momentos do jogo.


Cruzeirenses festejaram bastante a vitória no clássico

Como qualquer clássico, o de ontem teve seus heróis e seus vilões. Roger e Mano tiveram a oportunidade de testar, logo no segundo jogo do ano, suas equipes. A tendência é que ambas vão crescer na temporada. Os erros e acertos de ontem certamente vão ser analisados, corrigidos e aprimorados. O fato é que é muito cedo para crucificar os vilões ou glorificar os heróis de um jogo de início de temporada. O momento é de aguardar a reação dos treinadores na montagem de suas equipes.

P.S. Era para ser um fato corriqueiro, que nem merecesse virar notícia principal, mas foi importante ver o Mineirão com as duas torcidas. Tradição do futebol mineiro, bom para clubes e torcedores. A guerra para ver quem grita mais, quem comprou mais ingressos, as bandeiras e a festa fazem parte do futebol. Não será sempre assim, terão jogos com 10% de um ou de outro, mas que foi muito legal, não tem como negar.


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